Uma
explosão estelar excepcionalmente próxima da Terra vai iluminar o céu nas
próximas semanas. A explosão da supernova será na Galáxia do Charuto, chamada
assim por causa de seu formato. O local fica a cerca de 12 milhões de anos-luz
da Terra e oferecerá uma oportunidade única para se estudar uma supernova.
A
descoberta, no entanto, foi feita por acaso. Steve Fossey, um astrônomo do
University College de Londres (UCL), da Grã-Bretanha, descobriu a supernova com
um pequeno telescópio de 35 centímetros.
"Fazíamos
uma observação há uma semana com estudantes do UCL e, em uma das imagens que
conseguimos, de curta exposição, pudemos ver esse ponto brilhante de luz na
imagem da galáxia. Imediatamente nos demos conta que isso era uma supernova, a
explosão de uma estrela", disse Fossey à BBC.
Fossey
consultou colegas de outros observatórios e confirmou a descoberta. A União
Astronômica Internacional catalogou a supernova como SN2014J.
A
supernova é tão brilhante que poderá ser vista com telescópios domésticos de
boa qualidade ou até mesmo com binóculos, quando atingir o ponto máximo de seu
brilho, algo que deve acontecer dentro de uma semana.
Juntamente
com observadores do mundo todo, Fossey se prepara para recolher informações e
aprender tudo o que puder enquanto a supernova for visível no céu.
Oportunidade
O
astrônomo explicou que esta galáxia "em particular é incomum e está muito
próxima; uma supernova tão próxima como essa provavelmente acontece uma vez em décadas".
"É uma oportunidade excelente para a frota de naves espaciais que temos e
para os observatórios na Terra", acrescentou Fossey.
A
supernova da Galáxia do Charuto, na constelação de Ursa Maior, permanecerá
brilhante por cerca de um mês, e os cientistas querem aproveitar ao máximo a
possibilidade de conhecer todos os segredos dessa galáxia.
UCL/University
of London Observatory
Imagem mostra um ponto brilhante de luz na galáxia M 82 (UCL/University
of London Observatory/Steve Fossey/Ian Howarth/Ben Cooke/Guy Pollack/Matthew
Wilde/Thomas Wright)
"Um
dos modelos aceitos é que ela tem o que chamamos de uma anã branca, que
efetivamente é uma estrela como o Sol e que está na fase final de sua vida,
inerte e quente, uma estrela que tem uma companheira binária, uma amiga,
atraindo material dessa amiga e ficando maior e mais quente até que se detona a
uma temperatura crítica e explode em pedaços", explicou o astrônomo.
"Com
essas naves no espaço, podemos observar a onda expansiva desse material, dessa
explosão, ao impactar no material que há a seu redor, incluindo sua
companheira. E essa é a chave, precisamos compreender a companheira",
acrescentou Fossey.
O
cientista afirma que essa poderia ser uma estrela como o Sol ou esse poderia
ser um outro tipo de evento espacial, que incluiria duas anãs brancas.
Para o
cientista, compreender esses "estalos estelares" pode levar à
resolução de outros mistérios, pois as "supernovas são faróis de luz".
Além de
ajudar a compreender o processo de morte de uma estrela, as supernovas são
muito importantes pela luminosidade, que permite medir com precisão as
distâncias entre as galáxias do universo, disse Fossey.
O
cientista afirmou que os astrônomos estão vivendo semanas de "atividade
furiosa" com os instrumentos ópticos espaciais e terrestres apontando para
a direção da galáxia, para acompanhar esse processo e conseguir toda a
informação possível sobre o brilhante fim dessa estrela.