Estará a Deep Web com dias contados?

Os usuários do sistema de buscas Tor usado por vários navegantes da Deep Web pois  garante anonimato na rede, foram pegos de surpresa no domingo, quando uma grande quantidade de sites hospedados pela empresa Freedom Hosting, especializada em colocar sites dentro da rede Tor,  ficou fora do ar. Um software malicioso (malware) implantado nesses sites aproveitou algumas vulnerabilidades de segurança do Firefox para identificar os utilizadores do Tor. A principal suspeita é de que o FBI tenha lançado o vírus na rede.

O Tor é um protocolo de navegação alternativo à web comum desenvolvido pela marinha norte-americana e que utiliza uma tecnologia para esconder a origem de um acesso a um site na internet.


Leia mais: Como navegar na Deep Web

O sistema criou a chamada deep web (internet profunda) que abriga sites secretos terminados em .onion e que só podem ser acessador pelo Tor. O sistema, bastante usado por ativistas, também abriga conteúdo de criminosos, como sites de pedofilia e comércio ilícito de drogas.

Na quinta-feira passada, 1, o FBI prendeu Eric Eoin Marques, operador da Freedom Hosting, em Dublin, na Irlanda. O FBI teria dito que ele é o maior facilitador de pornografia infantil do planeta. Se for comprovado que o FBI estava por trás do vírus, será a primeira vez que FBI utilizou a estratégia para identificar suspeitos de crimes virtuais.


Dos protestos de Londres aos acampamentos espanhóis, passando pela Primavera Árabe, máscaras do grupo Anonymous, originalmente desenhadas no quadrinho V de Vingança, puderam ser vistas entre os manifestantes que exigiam mudanças. Não é a toa. As redes que dificultam a identificação dos seus usuários estão sendo usadas em todos os grandes protestos mundiais, facilitando a articulação dos rebeldes e complicando o trabalho da inteligência policial. Cada vez mais, o anonimato é visto como direito por cidadãos e como crime por governos.

A internet anônima é um mundo próprio, com serviços que copiam ferramentas usadas normalmente, mas supostamente assegurando privacidade total. Há serviços de hospedagem anônimos (diversos sites terminam em .onion, um dos mais populares), comunicadores instantâneos privados e até moedas digitais que dificultariam saber quem comprou o quê de quem. Os endereços são indexados por wikis secretas que mudam de endereço o tempo todo e com vários espelhos escondidos em enormes sequências alfabéticas.

Por isso, além de informações de grupos políticos como Wikileaks e Anonymous, dentro da deep web gira uma verdadeira contra-economia, baseada não em dólares, mas em Bitcoins e outras moedas digitais, normalmente ligadas a atividades criminosas como assassinatos, pedofilia, venda de informações roubadas por hackers e drogas.

Por isso, a questão é tão complicada: se a navegação anônima fornece um canal para ideias menos populares ou combatidas, ela também pede para que excessos sejam cometidos. Levada a seu ápice dentro do Tor, a discussão está longe de acabar – nos próximos anos saberemos se o anonimato será banido ou garantido.



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